Publicado em 15/07/2019
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Fintechs podem pressionar por maior flexibilização ao mercado de capitais
DCI – Isabela Bolzani
Além da crescente quantidade de fundos de investimentos voltados em subsidiar tais iniciativas, segmento também deve trazer novos produtos, impulsionado pelo maior volume de alocadores
A ascensão de fintechs e plataformas de investimentos trará maior diversidade de produtos e pressionará por uma flexibilização regulatória no mercado de capitais. A expectativa é de que os grandes fundos e a demanda de investidores impulsionem o setor.
O movimento acontece em linha com as premissas da Iniciativa de Mercado de Capitais (IMK), grupo de trabalho (GT) do governo federal lançado no mês passado pelo Banco Central (BC), voltado para reduzir o custo do capital no País e estimular o desenvolvimento do setor.
De acordo com o CSO da Remessa Online, Alexandre Liuzzi, tanto o cenário macroeconômico quanto o crescente volume de tecnologias voltadas para o mercado de capitais e investimentos no geral são responsáveis por trazer as mudanças que o setor tem experimentado.
“De um lado, a busca por investimentos alternativos ante a baixa taxa de juros fomenta uma demanda maior por diversificação. De outro lado, as fintechs e novas plataformas também ajudam a melhorar o acesso desses alocadores aos investimentos”, explica o executivo.
O mesmo impulso de crescimento no mercado de capitais também vem da maior educação financeira do investidor pessoa física. Segundo o diretor de operações da Easynvest, Amerson Magalhães, a tendência a partir desse maior conhecimento, é de que os alocadores busquem novas plataformas como alternativas.
“Os investimentos ainda se concentram muito nos três maiores bancos do País, mas a tendência é de disseminação. O mercado ainda é muito pequeno pelo potencial que tem de crescimento e, apesar de já bem servido em termos de portfólio, também devemos ver uma crescente em novos produtos”, avalia Magalhães.
Os executivos destacam que, da mesma forma, o impulso também é liderado pelos fundos de investimentos, os quais liderados ou interessados por essas iniciativas, também crescem exponencialmente.
Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) divulgados na semana passada, por exemplo, já refletem os impactos das novas plataformas. A participação desses fundos como subscritores de debêntures cresceram 12,2 pontos percentuais (p.p.) no primeiro semestre deste ano contra o mesmo período de 2018, de 47,1% para 59,3%.
“Continuaremos a ver, ao longo dos próximos anos, uma agenda macroeconômica favorável, um governo reformista e um País em recuperação. Isso deve atrair uma atenção ainda maior dos fundos de investimentos locais e estrangeiros. São gatilhos que reforçam esse movimento positivo”, diz o sócio fundador da Toro Investimentos, Márcio Placedino.
“Além disso, vale destacar que os fundos estrangeiros também estão de olho no País e estão interessados também nessas novas iniciativas. Isso também é um incentivo ao mercado”, complementa o advogado do Dias Careiro Advogados Eduardo Zilberberg.
Regulamentação
Ao mesmo tempo em que as novas tecnologias inovam o mercado de investimentos, porém, os especialistas entrevistados pelo DCI pontuam a possível necessidade de flexibilização das normas existentes ao setor. Segundo Paulo Leme, também advogado do Dias Careiro, mesmo com a maior abertura do regulador, não é possível chegar a uma “finalização definitiva” das regras.
“O BC está disposto a desburocratizar os procedimentos, mas são processos que mudam muito rápido e com muita frequência”, avalia.
De acordo com CEO do Gorila Invest, Guilherme Assis, a intenção dos reguladores em se comunicar com o mercado e em trazer medidas que melhorem o ambiente competitivo, também abre espaço para novos entrantes e para a oferta de serviços melhores.
“Os órgãos competentes sempre levam em consideração os riscos sistêmicos e de informações e, apesar de não acreditar em uma guinada radical na regulamentação, muita coisa ainda vai acontecer no segmento”, conclui Assis.